No domingo, 25 de Abril, o pai da Diana e eu corremos os 11 km não competitivos da 38ª Corrida da Liberdade. É das poucas corridas organizadas gratuitas. Juntaram-se cerca de 3000 participantes nos vários percursos da prova (há uma corrida de 5 km e uma de 1km e ainda uma caminhada).
A prova começa no quartel do Regimento de Engenharia 1, na Pontinha, local em que esteve localizado o Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas no dia 25 de Abril de 1974. Houve fanfarra e discursos. O discurso mais emocionante foi de um atleta, ex-preso político nos tempos do Estado Novo, que nos relembrou que antes do dia da Liberdade, nenhum português podia correr ou praticar desporto na via pública, algo que nos tempos de hoje, para os jovens (e não só) seria impensável. Após os habituais discursos políticos de governantes que talvez já nada têm a ver com os valores de Abril, foi dado o tiro de partida...
Com o meu cravo ao peito e após ter gritado um sonante "Viva a Liberdade!", perdi de vista o meu marido e tentei manter o ritmo ao longo dos 11 km que atravessam Lisboa desde a Pontinha até à Praça dos Restauradores. Tentei, porque a cidade das sete colinas não é exactamente fácil de correr. A primeira subida é logo à entrada de Carnide, depois em Telheiras, e nos três viadutos entre o Campo Grande e o Saldanha... As subidas matam-me sempre. Mas não parei... a minha companheira de sempre, a menina do Endomondo, dizia-me o meu tempo de 500 em 500 metros e de cada vez que me dizia que ia acabar em 1 hora e 10 minutos, eu tentava acelerar mais o passo. Esteve sempre a ameaçar chuva, mas rapidamente o tempo nublado tornou-se tão quente quanto um forno... O melhor foi o ventinho que nos refrescou no Campo Grande.
Claro que entre o Saldanha e os Restauradores é tudo muito mais fácil... é sempre a descer. Para além disso tive a companhia de quatro elementos dos Metralhas do BTT que me ajudaram a manter o ritmo nos últimos km. E assim, acabei por fazer o meu melhor tempo de sempre, 1 hora e 5 minutos aos 11 km (fiz os dez em 59 minutos)... Só eu para melhorar o meu tempo numa prova não competitiva!!! Isto irrita! Irrita, porque há provas em que para estarmos mais próximos da partida temos de ter menos de 40, 50 ou 60 minutos... Como na S. Silvestre de Lisboa.
Entretanto, o esforço deu numa valente ferida no pé direito e outra no braço direito, onde carregava o telemóvel com as minhas musiquinhas... Sim, eu sou daquelas que precisa de música para correr, há problema? Eu quero é ir correr uma maratona, e irei com o meu fiel companheiro: o telemóvel, só para irritar os profissionais das corridas com relógios GPS. Riam-se à vontade mas a liberdade também é isto: escolher ir correr onde, como, com quem e com o que eu quiser!
Entre outras coisas, a liberdade é poder escolher e escrever e dizer, sem medos. Mas acho que entretanto nos esquecemos que liberdade é também o dever de exigir e lutar pelos nossos direitos. Não andaram uns senhores Capitães a brincar às revoluções. Não! Foram uns heróis que se sacrificaram e nós, porque temos memória curta, aceitamos de bom grado que alguém nos vá retirando aos poucos os direitos que eles conquistaram??? Não! Abril, hoje e sempre! Viva a Liberdade!
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