Diz assim a Constituição da República Portuguesa, no seu 64º Artigo dedicado à Saúde:
"1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.
2. O direito à protecção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;
b) Pela criação de condições económicas, sociais, culturais e ambientais que garantam, designadamente, a protecção da infância, da juventude e da velhice, e pela melhoria sistemática das condições de vida e de trabalho, bem como pela promoção da cultura física e desportiva, escolar e popular, e ainda pelo desenvolvimento da educação sanitária do povo e de práticas de vida saudável.
3. Para assegurar o direito à protecção da saúde, incumbe prioritariamente ao Estado:
a) Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação; (...)"
Assim, não entendo porque é que a maternidade que viu os meus filhos nascer está desde esta semana a solicitar contribuição financeira por parte dos seus utentes para fazer face aos cortes orçamentais. Não entendo porque é que, havendo esses cortes por via do orçamento de estado, a administração não procurou reduzir custos (coisa que todas as empresas deste país estão a fazer) ou outras formas de financiamento que não colocassem mais uma vez nos cidadãos o peso de suportar duplamente os custos com o nascimento dos seus filhos. Digo duplamente porque todos nós fazemos os devidos descontos de impostos. Se esta moda pegar iremos ter de contribuir não só para salvar a maternidade, como para salvar o hospital, como para salvar a escola, como para... Imaginem, será como na America Latina, onde, quem quiser ir a um hospital público, terá de levar os lençois, compressas, seringas, agulhas e medicamentos.
E não me digam que a culpa é do Primeiro Ministro porque não é. Não me venham dizer que a culpa é do FMI porque também não é. Nem sequer me venham falar das culpas da União Europeia, porque aí tenho mesmo de vos mandar uma curva. Agradeçam sobretudo à coligação negativa que se fez sentir na assembleia, às agências de ranking, às pessoas à rasca para ouvir Deolinda, aos que se abstêm de votar ou votam em branco, aos que fazem negócios por baixo da mesa, aos que não participam no debate político sério, às pessoas que estão só no seu canto e não querem chatices, a todos eles um OBRIGADO!
Como mãe de uma criança portadora de uma doença congénita rara, a braços com contas de renda, água, luz, telefone, condomínio, televisão, irs, segurança social, seguros, gasolina, comida, educação, consultas, medicamentos, exames, pensos, compressas, pomadas e cremes sem qualquer comparticipação, venham-me agora pedir para votar em partidos que vão acabar com o Serviço Nacional de Saúde! Venham-me agora pedir para contribuir para os hospitas! Bah!
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